Notícias
Meta diz que oferecerá aos europeus a liberdade de escolher não ser rastreados.


Recentemente, a Meta anunciou que está se preparando para cumprir as regulamentações de privacidade da União Europeia (UE), concedendo aos usuários a opção de negar propaganda comportamental. Essa mudança ocorre em meio a um procedimento regulatório em curso sobre a base legal que a empresa alega para executar anúncios microdirecionados, e está sendo vista como uma tentativa de antecipar-se ao resultado regulatório e moldar a narrativa sobre a iminente mudança em seus negócios.
A atualização foi feita em um post no blog da empresa, no qual a Meta anunciou sua “intenção” de migrar para uma base legal consentida para a publicidade direcionada. No entanto, a postagem não fornece uma data específica para a implementação dessa mudança, mencionando apenas os “próximos meses” como referência vaga. O cronograma de conformidade está sujeito à decisão dos reguladores da UE.
A empresa enfrentou pressão dos reguladores de privacidade e, recentemente, a autoridade de proteção de dados da Noruega impôs uma proibição temporária à Meta para executar publicidade comportamental no Facebook e Instagram no mercado norueguês, a menos que obtivesse o consentimento dos usuários para o processamento.
Segundo relatórios do Wall Street Journal, a Meta supostamente se ofereceu para iniciar a adoção do consentimento até o final de outubro, com a mudança esperada para levar pelo menos três meses para ser implementada. Além disso, há uma sugestão de que a Meta tenha cogitado aguardar até o início do próximo ano para se alinhar a requisitos legais adicionais relacionados à regulamentação Digital Markets Act da UE, que impõe limites ao uso e combinação de dados para anúncios comportamentais.
É importante ressaltar que não há necessidade de esperar a conformidade com uma lei da UE para cumprir outra, portanto, a proposta da Meta de implementação em 2024 parece ser mais um desejo do que uma exigência legal. Atualmente, a Comissão Irlandesa de Proteção de Dados (DPC), responsável pela supervisão de privacidade da Meta na UE, não pode comentar sobre a mudança devido ao procedimento em andamento.
A mudança é uma resposta ao esgotamento das possibilidades do modelo de negócio de anúncios comportamentais invasivos da Meta na UE. O único caminho legal restante é dar aos usuários a opção de não serem rastreados. No entanto, a empresa não estenderá essa escolha universalmente, e os usuários dos Estados Unidos e do Reino Unido estão excluídos dessa opção.
Nos últimos anos, a Meta tentou tornar o rastreamento e o perfilamento inevitáveis em seus serviços, mas a decisão do Tribunal de Justiça da UE e o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) do bloco deixaram claro que o modelo de vigilância comercial em massa forçada não é compatível com a legislação da UE.
Embora seja uma vitória para os defensores da privacidade, que há mais de cinco anos vêm lutando para forçar a Meta a respeitar os direitos dos usuários da UE, também é uma frustração considerável que a aplicação tenha demorado tanto tempo. Ainda pode levar meses para que a Meta ofereça aos usuários da UE a opção legalmente exigida de escolha ‘sim/não’ em relação ao rastreamento.
No entanto, a mudança indica que a era de gigantes de tecnologia intocáveis e sua aparente imunidade ao Estado de Direito pode estar chegando ao fim. O Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) pode finalmente estar começando a mostrar resultados, depois de mais de cinco anos desde sua implementação.

